Por Miriam Lamana

Acredito que este seja um bom momento para refletirmos sobre uma palavra, PARADOXO.

Nos estudos literários, o paradoxo, também chamado de oxímoro, é uma figura de linguagem que consiste na aproximação de ideias contraditórias.

Paradoxo vem do latim (paradoxum) e do grego (paradoxos). O prefixo “para” quer dizer “contrário a” ou “oposto de”, e o sufixo “doxa” quer dizer “opinião”.

O paradoxo expõe palavras que, apesar de possuírem significados diferentes, estão relacionadas no mesmo texto. Por exemplo: “Quanto mais damos, mais recebemos”, “O riso é uma coisa séria”, “O melhor improviso é aquele que é melhor preparado”.

Luís Vaz de Camões escreve em seu célebre soneto “é dor que desatina sem doer”.

Metaforicamente, paradoxo é como um cabo-de-guerra eterno, pois tem uma contradição de forças e nenhuma prevalece (uma e outra até podem ter uma vantagem em determinado momento, mas logo a perde).

Linda Putnam, pesquisadora da University of California em Santa Barbara, propõe três grandes tipos de respostas, que normalmente temos frente a assuntos contraditórios:

Ou ou: é a reação mais comum, pois se escolhe uma força ou outra.  Isso significa negar ou evitar o paradoxo e de tomar as duas forças antagônicas como independentes (coisa que elas não são). Aqui nascem as polaridades….

E e:  quando se procura obter uma coisa e a outra, tratando as duas forças em tensão como interdependentes, o que é uma evolução em relação ao “ Ou ou”. Busca-se sinergias. Mas aceitando a superioridade dessa solução, pode-se ignorar os perigos da jornada paradoxal. 

Mais que: Nesta resposta assumimos a ambiguidade, em vez de a neutralizá-la. Há um entendimento de que os sistemas estão em constante movimento, em resultado de jogos de equilíbrio entre forças opostas. Transcende as forças antagônicas, vai além delas, daí o “mais que”.

Diálogo e prática reflexiva são as ferramentas dessa via. Aqui o certo é não ter que escolher nenhum dos lados, porque se sabe que o outro lado também é inerente ao bom funcionamento de um sistema. Esse tipo de resposta não é trivial, porém é o que tem mais chances de gerar círculos virtuosos

Num mundo cheio de complexidade e ambiguidades, paradoxos vieram para ficar. Vale a pena entender e aceitar isso, em especial neste momento exigente que estamos vivendo, em que quase tudo é apresentado como um ato dramático e com uma única via.

O convite é em exercitarmos uma linguagem que nos conecte, conosco e com os que estão a nossa volta, exercitando um diálogo aberto, com curiosidade e generosidade, neste enfrentamento dos nossos medos, nossas incertezas e angustias, “cuidando de nós, para sermos influência positiva para os que estão a nossa volta”.

Vamos juntos nesta jornada!

Miriam Lamana, psicóloga com mais de 28 anos de vivência em organizações, com MBA em Gestão e Finanças e especializações em Coaching e desenvolvimento humano.

Na ASEC desde 2012, como monitora na capacitação de professores no desenvolvimento de competências socioemocionais e na coordenação das atividades em São Paulo.