Por Neide Almeida
Nas narrativas de pessoas em vários contextos emocionais, tenho ouvido o seguinte.
“ Só choro quando estou sozinho”.
“Ao invés de falar ela chora e não sei o que fazer”.
“Quando estou dirigindo, sozinha, me deixo chorar” “Aproveito para chorar quando estou no chuveiro, na cama.”
“Quando me viu chorando, pediu para eu sair e tomar um ar, morri de vergonha”.
“Tem gente que chora por qualquer coisa”.
“Procuro um filme bem triste assim posso chorar todos os meus sentimentos”.
“Choro e abafo a sinfonia soluçante do meu choro no travesseiro”.
“Não me permito chorar diante de ninguém.”
Hoje ouvi entre um desabafo uma mesma narrativa do ato de chorar e me deu vontade de compartilhar minha reflexão.
“O choro acontece quando o indivíduo se emociona. Ou seja, o sistema límbico, localizado no cérebro e responsável pelos sentimentos, associa esse estímulo emotivo com aqueles já armazenados a partir de experiências anteriores, gerando algumas respostas fisiológicas, sendo uma delas o choro.”
Choramos por tristeza, depressão, dor, saudade, alegria, raiva, aflição, etc.
Chorar é uma forma de comunicação importantíssima, um jeito de lidar, gera empatia na maioria dos casos, alivia o stresse da situação que incomoda.
Então onde está a nossa dificuldade de acolher o choro do outro e o nosso próprio?
Sim o nosso, pois muitas vezes ao chorar pedimos desculpas, ou seja, escapou, estou incomodando (a), estou inadequada (o)… E muitas vezes ao primeiro sinal do choro, nosso impulso quase que imediato é oferecer um lenço de papel para que a pessoa seque as lágrimas que mal começaram a sair, ou seja, “pare essa expressão por favor, enxugue-a, cesse esse efeito fisiológico aliviante do ser humano.”
Que tal permitir o choro, rasgado, soluçado, babado, entrecortado, represado, risado, gritado?
E quando alguém estiver usando seu aparelho humano para aliviar-se em lágrimas, evite perguntar o que aconteceu…silencie, proteja-a, espere…depois se ela quiser te contará com certeza.

Neide Almeida, 64 anos, 4 filhos e 3 netos – profissional de saúde emocional, há 25 anos atuando na prevenção do suicídio e valorização da vida, há 15 anos é da equipe ASEC na capacitação de professores no desenvolvimento de competências socioemocionais em diferentes regiôes no Brasil, e membro do Movimento Saber Lidar. Defende que ao saber lidar conosco mesmo podemos apender a lidar com o mundo.