A arte de educar a mente e o coração
Comportamentos desagradáveis e reações agressivas por parte de adolescentes são uma queixa comum entre pais, tutores e educadores. “Para descobrir o melhor modo de lidar com eles, é preciso antes compreender que tais comportamentos são um modo de expressar sentimentos com os quais o jovem não sabe ou não aprendeu a lidar.”
A dica é de Sheila Querido, psicóloga da ASEC Brasil | Movimento Saber Lidar, que falou a chefes escoteiros de todo o país no 27º Congresso Nacional dos Escoteiros, ocorrido no final de abril em Curitiba. O evento marcou o início da parceria entre os Escoteiros do Brasil e a ASEC Brasil, abrindo a possibilidade de implementação de sua metodologia de fortalecimento emocional para um público de mais de 100 mil associados a grupos escoteiros no país.

Autonomia e autoconhecimento – Reconhecer e legitimar sentimentos como raiva, frustração, angústia ou medo é o primeiro passo para construir um caminho de diálogo e reflexão com os jovens, que devem descobrir por conta própria os meios menos agressivos ou prejudiciais para lidar com seus sentimentos.
Trata-se de uma prática que exige empatia e também autoconhecimento: “Para sermos capazes de legitimar o sentimento do outro, é preciso que antes consigamos reconhecer o nosso próprio modo de lidar com sentimentos desagradáveis”, explica Sheila. “Isso pode ser desafiador, pois em geral nos acostumamos a enfrentar situações difíceis por meio de reações automáticas e padronizadas”.
Coping – A principal tarefa dos educadores, seja em relação a si mesmos, seja em auxílio aos jovens com que se relacionam, reside em criar um espaço acolhedor e seguro, um ambiente de confiança, onde se busque identificar e dar nome aos sentimentos que surgem em momentos difíceis. Em seguida, empreende-se o exercício de elencar, de maneira muito pessoal e autônoma, estratégias de enfrentamento eficazes para lidar com tais situações – uma técnica que, em inglês, se chama coping.
Segundo Sheila, ao invés de julgar as estratégias como boas ou ruins, devemos colaborar para que os jovens analisem o que é prejudicial a eles e aos outros, numa intervenção que requer grande atenção e cuidado. “Os relacionamentos são a marca da nossa época, e a convivência saudável entre as pessoas demandará, cada vez mais, que se domine a arte de educar as mentes e os corações para saberem lidar com situações desafiadoras”, conclui.
